Os 6 passos para a introdução perfeita.

Uma verdade sobre a produção acadêmica que ainda choca muitas pessoas, e, ao mesmo tempo, é esclarecedor quando compreendida, é a de que a introdução de um texto – independente da natureza, obedece a um OBJETIVO que nem sempre se relaciona com esclarecer todos os pormenores, mas de dar uma ideia bastantge clara do que se pretende com determinado texto. Portanto, não importa se é longa, nem curta. Nem se foi rápida ou mais demorada. O tema da hoje é a introdução, embora seja um assunto que, na mídia especializada ainda éum assunto pouco discutido, encontra aqui vários parâmetros sugestivos, mas que vão te ajudar a pensar e a conceber um caminho mais claro para a elaboração as introduções que comporão sua produção acadêmica. Convém lembrar que, de todas as partes do texto acadêmico, aquelas que têm uma importância crucial para o seu texto são, ironicamente, as que têm um papel introdutório. Prepare-se: nos próximos subtítulos vamos entender como uma boa introdução pode transformar significativamente a forma com que a banca – e os seus leitores – enxergam o potencial da sua pesquisa.

*post atualizado em 15/03/2022.

Introduzir é um arte

Sim. As pessoas, não tendem a pensar sobre isso, mas criar uma introdução de sucesso requer muito mais que simplesmente dispor informações que se complementam em uma finalidade prática, qual o seja, a apresentação de determinados temas. A introdução (ou apresentação), como muitos estilos de textos acadêmicos, não tem uma norma, como a ABNT, para orientar na sua elaboração. O resultado desse fenômeno interessante é que muitos orientadores fazem segundo suas próprias concepções.

A introdução, no entanto, é muito importante, porque, por meio dela é possível se ter uma ideia do que trata o texto apresentado, bem como delimitar o campo de pesquisa, ou ainda, definir a que público a pesquisa tem como alvo. Além disso, por meio da introdução, muitas informações importantes são trazidas à luz, como o posicionamento ideológico do enunciante, suas fontes e metodologias de pesquisa, bem como a natureza e composição prática do trabalho. Como se vê, a introdução é muito mais que um início de conversa.

Este post não trará uma fórmula pronta de introdução, mas apresentará alguns aspectos que foram cruciais na elaboração de textos acadêmicos que tiveram introduções eficientes na sua proposta, e que, ao mesmo tempo, trouxeram características semelhantes entre si.

1 – O primeiro parágrafo e a apresentação do tema.

Embora a introdução tenha, de fato, a obrigação de apresentar o tema, ela não é exclusivamente pensada para este fim. Nas minhas correções de TCC, vejo muitas introduções que parecem se perder nessa lógica, deixando de lado outros aspectos que podem ser considerados importantes. Uma boa introdução tem em média 2-3 laudas, e seria um desperdício enorme de criatividade utilizar este espaço para apresentar um tema em um looping infinito. Faça a apresentação do seu tema no primeiro parágrafo, que já está muito bom, obrigado.

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 1 - Pedro
SOUZA, Pedro Henrique Ferreira de. Educação Física na Escola de Educação Infantil: um estudo de caso em uma escola de Paulo Afonso-BA. Paulo Afonso, Faculdade Sete de Setembro, 2017. Trabalho de Conclusão de Curso.

O exemplo acima ilustra perfeitamente como se dá esse processo. No primeiro parágrafo da sua introdução, não existe necessariamente a urgência em explicitar, por exemplo, que o seu estudo é importante (isto está implícito, né?), nem que existem possibilidades diversas de interpretação da sua problemática. Deixe isso para os parágrafos seguintes. Se é verdade que uma boa introdução se conquista nos primeiros parágrafos, apresentando o jogo inteiro nele não é uma boa forma de conquistar a excelência neste quesito.

2 – Apresentando a importância do seu tema.

A relevância do seu estudo, embora não seja essencialmente um item cobrado no seu primeiro parágrafo, deve aparecer, também. Eu sugiro sempre apresenta-lo no contexto do segundo parágrafo, ou o mais próximo possível do início da sua introdução, porque, na maioria dos casos, esta informação tende a ser deixada em segundo plano e, essencialmente, tornar-se passível de ser excluída, o que poderá representar a perda de pontos importantes para o formando.

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 2 Rafaela
FRAZÃO, Rafaela Lopes Beserra. Consentimento da Vítima, Doenças Sexualmente Transmissíveis e Imputação Penal: a prática do barebacking. Paulo Afonso, Faculdade Sete de Setembro, 2017. Trabalho de Conclusão de Curso.

Evidentemente que a apresentação é parte fundamental, mas se não vier precedida de um (bom) porquê, ela se torna completamente inútil, e sua existência se perde no vazio da praxis. Por isso a importância (concebendo este termo como a justificativa para a existência no mundo físico de tal pesquisa) tem que ser bem textualmente estruturada e a forma de fazê-lo, seja curta, seja mais elaborada, precisa ter como orientação (intelectualmente falando) a ideia de que a pesquisa traduz um enfoque que, não bastasse ser inédito, é também necessário.

3 – Apresente conhecimento prévio.

Mostrar que você já tem algum conhecimento sobre o tema é extremamente relevante porque responde a duas perguntas que o seu interlocutor/banca de avaliação fará: quais os motivos que o levaram a escolher o tema (atrelados à importância deste), e o que se sabe de pronto sobre o mesmo, ao ponto de fundamentar uma efetiva abordagem mais aprofundada sobre a temática escolhida. O leitor já deve imaginar que esta explanação também pode ser mais curta ou mais longa. Depende apenas de haver o interesse em um maior ou menor trabalho de contextualização.

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 3 Valdenilton
PEREIRA,  Valdenilton. Evolução dos Protocolos para a Assistência à Parada Cardiorrespiratória. Paulo Afonso, Faculdade Sete de Setembro, 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.

Uma dúvida surge neste ponto: deveremos usar referências? Bom. Aí é um assunto que varia muito de orientador pra orientador, já que a ABNT é silente sobre o uso de referências, em qualquer sistema, na fase de introdução. Acreditamos que uma consulta ao orientador poderia elucidar de forma mais eficiente esta questão, no entanto, é normal que alguma parte da introdução (por exemplo, onde se explicam os principais autores norteadores do estudo) já tenham implícita a necessidade de menção no sistema autor/data.

4 – Traga as suas hipóteses.

As hipóteses de pesquisa devem surgir. Ou pelo menos a hipótese mais importante. Ela aparece na introdução como parte do contexto da motivação para a realização da pesquisa. O usual é que se tomem as hipóteses que aparecem no projeto de pesquisa e, em seguida, estas sejam convertidas em texto.

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 4 André
ALMEIDA, André Luiz Silva de. A (In)constitucionalidade do Voto Obrigatório: uma análise a partir da Teoria das Normas Constitucionais Inconstitucionais de Otto Bachof. Paulo Afonso, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.

Conforme mencionado, as hipóteses são parte visceral do trabalho de pesquisa, então as procure apresentar de forma sempre muito limpa, e não se preocupe em parecer lacunoso, é possível complementa-las no decorrer do desenvolvimento do seu texto com o passar do tempo e o desenvolvimento das suas orientações.

5 – Apresente o problema de pesquisa.

A problemática de pesquisa é a questão que será respondida no decorrer do desenvolvimento do seu trabalho de investigação. Mesmo que ele seja apenas teórico, é a apresentação, de forma clara e bastante limpa do ponto de vista da expressão estilística, que encaminhará o leitor às hipóteses, que nada mais são um ensaio para a apresentacao da resposta ao eixo prático da pesquisa: a resolução do problema. A problemática da pesquisa é tão importante que requer um parágrafo apenas para a sua explanação. Em algumas universidades, ou mesmo da parte de alguns orientadores, a forma mais eficiente é realizar esta apresentação na forma de pergunta, geralmente precedida de uma breve explanação sobre o aspecto motivador do questionamento:

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 5 Nábila
BRAZ, Nábila Valesca Soares. Reconhecimento de Paternidade Socioafetiva. Paulo Afonso, Universidade do Estado da Bahia-UNEB, 2017. Trabalho de Conclusão de Curso.

A apresentação da problemática traz já o aparato principal para a sua apresentação ser um sucesso. Não se esqueça de que ele tem que ser exaurido no contexto da sua pesquisa. Por isso, em muitos momentos no desenvolvimento do seu texto, o autor precisará consultar várias vezes a problemática para não correr o risco de não estar sendo fiel à sua pesquisa.

6 – Apresente o seu texto.

Por fim, nada mais importante do que apresentar ao seu leitor, o conteúdo completo da sua monografia, tese, dissertação, etc. Porque? Não se sabe ao certo, porque, como mencionado no início deste artigo, não existe um consenso sobre o tema. Mas se você deixar esta parte em aberto, tenha certeza: o seu orientador vai te cobrar e de maneira que deixará o pesquisador com muitos problemas. Não tem segredo, nem precisa de muita explicação: aproveita que você já fez seu trabalho inteiro (espera-se), ou que pelo menos tem um rascunho do seu sumário, e descreve de maneira bastante sucinta, o conteúdo da pesquisa até o momento em que redige esta parte do trabalho.

BLOG MONOGRAFANDO - Desvendando os segredos da introdução Exemplo 6 Gino- Pedro
DIAS, Gino Frank da Costa. A Lei Maria da Penha e Suas Medidas Protetivas: revisão bibliográfica e pesquisa de campo na Delegacia das Mulheres de Paulo Afonso-BA e a Ronda Maria da Penha. Paulo Afonso-BA, 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.

Não se esqueçam que as Considerações Finais/Conclusão também são parte do seu trabalho. Então, não tem drama: elas têm que aparecer também na estrutura da introdução, em regra, na forma de um arremate hipotético ao texto, ou ainda, na forma explanativa, isto é, apresentando brevemente os resultados mais importantes obtidos com o estudo, assim como também deve haver, entre as conjecturas levantadas, a breve menção às referências bibliográficas, algo do tipo “em seguida são relacionadas as referências que nortearam a pesquisa”. E cest fini. Só comemorar o fim dessa etapa chatinha, convenhamos, do seu trabalho!

Finalizando…

Esta não é uma fórmula pronta. Ela admite muitas modificações. E como sabemos que orientador é bicho que gosta de inventar moda, nunca se sabe qual a ideia da vez. Porém, mais certo é que seguindo estas dicas, não tem como não ter êxito no seu texto. As informações básicas estão todas dispostas nos passos apresentados.

Sabe do que mais? Quando você concluir esta etapa, você vai precisar apresentar, certo? Também estamos organizando um material pra caminhar lado a lado com você. Confere aí:

https://www.instagram.com/p/BVzrQ_6Bsrf/?taken-by=blogmonografando

Vale lembrar também que sua colaboração é fundamental. Então, pode deixar aí nos comentários suas dúvidas e sugestões para próximos temas do blog. Até a próxima!

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