Chegamos ao fim desta maravilhosa sequência de posts que vai ajudar vocês com o bendito do TCC/Monografia. E como vocês já sabem, e se não sabem, devem procurar saber, assim como essa série, os TCCs e monografias também precisam acabar. Hoje vamos entender como se dá esse processo nas revisões de literatura e nas pesquisas de campo, que são as bases do contexto da pesquisa no Brasil. Tá ok? Preparem os gadgets e vamos lá!
Terceiro capítulo é igual final de novela.
Novela vem da palavra “novelo”, que significa, claro, coisa enrolada, comprida. Em muitos aspectos a coisa funciona assim mesmo: é um tal de “põe autor tal” pra cá, “explane a teoria qual” pra lá e quando o concluinte vai perceber, já se foram páginas e mais páginas. Pois é. Mas no terceiro capítulo, você precisa emendar todos os pontos apreciados e eliminar todas as lacunas entre o que você pôs no primeiro e no segundo capítulo, e aquele que está em construção, em outras palavras: você precisa dar ao seu orientador, banca e leitores, a ideia de que houve uma preocupação em estabelecer uma sequência lógica, e que aqueles autores não estão ali, como diria Drummond, gauches na vida.
O primeiro passo, claro, é parar e olhar pra trás. Pegue caderno e caneta, em seguida desenhe uma tabela bem prática, abrindo um campo para a) autores mais utilizados (ou autor mais utilizado), b) teorias apresentadas (ou teoria), c) objetivos de pesquisa e d) problemática de pesquisa. Tá na dúvida, copia da minha aí:

Feito isto, não há muito mais o que discutir. Você já conhece todas as teorias apresentadas e sabe onde cada uma pode se conectar à outra como forma de complemento, ou como réplica a algum argumento levantado anteriormente. Esta condição é mais simples quando você tem em mente uma monografia/TCC de cunho teórico com enfoque qualitativo, já que as ideias são apresentadas como um diálogo, e a ideia de tese/antítese/síntese funciona melhor nesse modelo apresentado. É importante também considerar que TODOS os enfoques apresentados devem estar, obrigatoriamente, representados no seu terceiro capítulo, do contrário, aquele componente da banca que se debruçou com mais cuidado sobre seu texto, vai te pegar. Nada de vacilos, hein!
A tabela que traz o enfoque nas pesquisas de campo, mesmo que tenham aspecto qualitativo, muda muito pouco em relação à tabela-base para a elaboração de capítulos teóricos, senão vejamos:

A elaboração desta tabela requer a conexão entre os pontos observados e a sua relação com o que foi observado no contexto do espaço de pesquisa. A pesquisa de campo é meio chatinha, justamente por isso, uma vez que ela requer do pesquisador uma resposta ou, no mínimo, uma nova hipótese que poderá ser, no futuro, explorada em nível de mestrado ou doutorado, quem sabe. Mas dá pra entender que nesta etapa, é essencial que se tenha noção da dimensão do comprometimento com a pesquisa e com os teóricos, já que tudo na monografia/TCC tem que estar interligado de forma a não deixar dúvidas sobre o porquê de existir naquele momento da pesquisa.
Sobre o terceiro capítulo ainda, é importante lembrar que ele NÃO É O ESPAÇO PARA EMISSÃO DE OPINIÃO, o que significa que você deve promover um diálogo entre os dados teóricos apresentados e a realidade prática, a fim de que você possa ter um benchmark eficiente no futuro (leia-se, nas Considerações Finais), não deixando dúvidas sobre a importância da sua pesquisa, uma coisa que 9 entre 10 bancas questionam os seus sabatinandos. Qual o melhor termo comparativo? O Brasil, né, querido leitor? Se a sua pesquisa é de campo, mas não mencionou nenhum dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, A.K.A. IBGE, então todo trabalho foi inútil, porque ele é o órgão que monta, há décadas, o perfil do Brasil e do brasileiro em números, então, praticamente tudo o que já foi pensado em termos de prática de pesquisa, esteve, está ou estará lá no próximo Censo. Veja o site do IBGE com carinho e atenção, cuidando bem das suas tags para não cair em tentação de usar a Wikipedia.
Fechando com chave de ouro.
Se você chegou até este ponto, fez já 80% do seu TCC/monografia. Mas ele não pode acabar em hiato. É preciso que você deixe suas Considerações Finais, que algumas universidades preferem chamar de “Conclusão”. Sobre isto, pode-se dizer que as instituições que optaram por esta forma têm suas razões, na NBR 14.724/2011, que trata dos Trabalhos Acadêmicos de um modo geral, e na NBR 6.022/03, sobre relatórios técnico-científicos, aparece o termo “Conclusão”. Porém, como bem coloca o mestre Aluízio Moreira em seu blog sobre o tema, esta nomenclatura é muito perigosa:
“Algumas Instituições do Ensino Superior no entanto, defendendo o ponto de vista de que a palavra CONCLUSÃO traz implícito o sentido de que a pesquisa, ao seu término, atingiu resultados absolutos, portanto que não admite restrições, nem contestações, advogam os que adotam o uso das expressões CONSIDERAÇÕES FINAIS ou CONSIDERAÇÕES GERAIS(1). Neste caso a palavra consideração/considerações implicaria admitir, ao contrario de Conclusão, que a pesquisa apenas possibilita reflexões não definitivas, contestáveis, suscetíveis de revisões, argumentam seus defensores” (MOREIRA, Aluísio, 2017).
Mas vamos ao que interessa, que é COMO fazer a sua conclusão, ou Considerações Finais, como o queiram. Mas é importante que se tenha em mente que esse lance varia de orientador para orientador, o que pode fazer com que sejam acrescentados mais ou menos elementos, de acordo com o que ficou acertado entre vocês, ok?
Primeiro passo é fazer uma espécie de introdução às avessas. Traga ao seu leitor, logo na introdução o seu tema, não tenha medo de ser taxativo, faça o máximo possível para que esta informação apareça em tanto destaque quanto foi o título. Não, evidentemente, destacado em caixa alta e em negrito, mas em expressão. É mais fácil mostrar que falar. Então lá vai:

Como se pode perceber, é importante deixar bem claro a que veio o seu texto. É muito simples, e, como afirmado antes, você pode até mesmo repetir, com as devidas alterações, todo o título/tema escolhido logo de cara, no susto, no primeiro parágrafo. Esta informação deixará o seu leitor a par da sua problemática e da sua discussão de pesquisa.
Em seguida, é muito importante apresentar, no mesmo parágrafo, a sua problemática e (por que não?) os motivos que o levaram a escolher o tema. É importante frisar que estes podem ser de cunho pessoal ou puramente acadêmico, mas devem estar lá. As pesquisas e as informações apresentadas anteriormente também não podem ser esquecidas, elas deverão constar diluídas, COMO CONCLUSÕES LÓGICAS das teses levantadas, a fim de conseguir fazer com que o seu leitor possa ter uma dimensão das suas descobertas com a pesquisa. As Considerações Finais também devem conter um breve resumo dos seus objetivos, bem como da forma com que os seus resultados apresentaram-se diante das hipóteses levantadas.
Esta parte do TCC Monografia é super pessoal, então você pode emitir alguma opinião, desde que não tendenciosa e, claro, com cunho enriquecedor do texto. Pode-se também, se o tema permitir, acrescentar observações que não seriam convenientes no terceiro capítulo, especialmente no seu final.
Como se finalizam as Considerações Finais/Conclusão? Simples: apresentando o rol de importância do tema, da sua pesquisa, e os caminhos que você, pesquisador, abriu para que novos pesquisadores possam, também, conhecer mais aspectos do seu tema de pesquisa, trazendo à luz, trabalhos que possam se somar ao seu, contribuindo para uma completude maior do panorama trabalhado.
Feito isto, prossiga com a organização das referências e parta à elaboração dos seus slides.
BÔNUS
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Até o próximo post!